5.2.11

Estudo prova que a meditação traz múltiplos benefícios para a saúde.

Oito semanas de meditação provocam alterações cerebrais

Investigação sugere que a transformação é benéfica em saúde física e mental

2011-01-27
Alterações benéficas relacionadas com memória, autoconsciência, empatia e stresse
Alterações benéficas relacionadas com memória, autoconsciência, empatia e stresse

Uma equipa de psiquiatria do Hospital Geral de Massachusetts (EUA) realizou o primeiro estudo sobre como a meditação afecta o cérebro. As conclusões, recentemente publicadas no «Psychiatry Research», referem que a prática regular – até oito semanas – pode levar a alterações consideráveis em determinadas regiões cerebrais, relacionadas com a memória, a autoconsciência, a empatia e o stresse.

A investigação sugere que a transformação é benéfica para a saúde física e mental. Apesar de ser uma prática relacionada com a tranquilidade e o relaxamento, os médicos já confirmaram que “proporciona benefícios cognitivos e psicológicos persistentes durante um dia inteiro”, segundo referem os cientistas norte-americanos.
O trabalho mostra que as alterações presentes na estrutura cerebral podem estar relacionadas com esse rendimento. A autora da investigação, Sara Lazar, já tinha realizado estudos onde tinha encontrado diferenças estruturais no cérebro dos profissionais da meditação, ou seja, em pessoas com experiência neste tipo de práticas, em relação a outras pessoas sem antecedentes. As diferenças mais significativas verificaram-se na espessura do córtex cerebral, especialmente em áreas associadas à atenção e integração emocional.

Na investigação corrente, a equipa utilizou imagens por ressonância magnética da estrutura cerebral de 16 voluntários, durante duas semanas antes e depois de realizarem um curso de meditação de oito semanas – programa definido pela Universidade de Massachusetts, para reduzir o stresse.

O curso previa reuniões semanais, que incluíam a prática de meditação consciente, centrada na consciência e sem prejuízo de sensações e sentimentos, os voluntários receberam gravações áudio para continuarem o exercício em casa.

Voluntários meditaram 27 minutos por dia, durante oito semanas.
Voluntários meditaram 27 minutos por dia, durante oito semanas.
Alteração da massa cinzenta



Cada participante passou 27 minutos por dia a meditar, praticando os exercícios recomendados. Respostas a um questionário assinalavam melhorias significativas, comparativamente às semanas anteriores. A análise das imagens por ressonância magnética mostrou uma evolução na massa cinzenta, localizada no hipocampo – zona cerebral implicada na aprendizagem, memória, estruturas associadas à autoconsciência, compaixão e introspecção.

Verificaram ainda uma diminuição da massa cinzenta na amígdala cerebral, o conjunto de núcleos neuronais nos lobos temporais, relacionados com a diminuição do stresse. Contudo, nenhuma destas alterações foi observada no grupo de controlo dos restantes voluntários, ou seja, nos que não praticaram meditação.

Segundo o grupo de investigação, os resultados mostram a plasticidade do cérebro e como, mediante a meditação, este se molda e altera, de forma a aumentar o nosso bem-estar e a nossa qualidade de vida. Os avanços abrem portas para novas terapias para pacientes que sofram graves problemas de stresse e stresse pós-traumático, por exemplo.

http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=47128&op=all


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Meditação é tão eficaz contra depressão quanto remédios, diz pesquisa


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Outro estudo já havia sugerido que a técnica é tão eficaz quanto os remédios / Foto: Mitchell Joyce

Um tipo de meditação é tão eficaz em evitar a recaída dos portadores de depressão quanto antidepressivos, revelou um estudo publicado no início de dezembro pela Archives of General Psychiatry.
A pesquisa foi feita pelo Centro de Saúde Mental e Dependência (CAMH, na sigla em inglês), no Canadá, em parceria com o Departamento de Psiquiatria do St Joseph’s Healthcare, a Universidade de Toronto e Universidade de Calgary, todas também no país.

Para chegar à conclusão, os pesquisadores analisaram pacientes tratados inicialmente com o medicamento até o desaparecimento dos sintomas da doença e, posteriormente, separados em três grupos.
O primeiro continuou com a medicação tradicional, o segundo seguiu tomando placebos e o terceiro adotou a Psicoterapia Cognitiva Baseada na Atenção Plena (MBCT, na sigla em inglês).
Aqueles que seguiram a técnica participavam de oito sessões em grupo semanais e praticavam a meditação em casa, como parte do tratamento.
As avaliações clínicas foram realizadas em intervalos regulares e durante um período de 18 meses de estudo as taxas de recaída dos pacientes no grupo com a MBCT não diferiram dos índices de pacientes que receberam antidepressivos (ambos na faixa de 30%).
Por outro lado, 70% dos pacientes que receberam placebos voltaram a apresentar sintomas da depressão.

Opção de tratamento

De acordo com o diretor do Departamento de Terapia Cognitiva da CAMH, Dr. Zindel Segal, muitos pacientes com depressão interrompem o tratamento com medicação antes do período indicado devido aos efeitos colaterais ou à indisposição de tomar um remédio durante anos.
“Com o reconhecimento crescente de que a depressão é um transtorno recorrente, os pacientes precisam de opções de tratamento para prevenção da doença e, assim, voltarem às suas vidas”, disse o Dr. Segal. Com isso, a Psicoterapia Cognitiva Baseada na Atenção Plena torna-se uma opção eficiente de tratamento em longo prazo.
Ainda de acordo com Segal, a terapia é uma abordagem não farmacológica que ensina como controlar as emoções para que o paciente possa monitorar possíveis desencadeadores de recaídas, bem como adotar mudanças de estilo de vida favoráveis ao equilíbrio do humor.
“As implicações destes resultados tem relação direta com o tratamento de linha de frente da depressão. Para esse grupo considerável de pacientes que estão relutantes ou são incapazes de tolerar o tratamento de manutenção, a MBCT oferece proteção igual contra a recaída”, afirma o Dr. Zindel Segal.
Essa não é a primeira vez que os benefícios da meditação no combate à depressão são comprovados cientificamente. Outro estudo, publicado em Londres, em 2008, sugere que a mesma técnica pode ser tão eficiente quanto os antidepressivos na prevenção de recaídas e mais eficaz na melhoria da qualidade de vida dos pacientes.
Além disso, a MBCT é uma alternativa de baixo custo se comparada com as drogas antidepressivas. Ao contrário da maioria das terapias psicológicas, a MBCT pode ser ensinada em grupos por um único terapeuta, e os pacientes podem continuar a praticar as habilidades que aprenderam em casa, sozinhos.
Muitos dos exercícios realizados durante o estudo foram baseados em técnicas de meditação budista e ajudaram o indivíduo a focar no presente, em vez de dedicar a atenção a acontecimentos passados, ou a tarefas futuras.
Os exercícios impactaram de forma diferente cada paciente, mas muitos relataram maior aceitação e mais controle sobre os pensamentos e sentimentos negativos. [EcoD]

http://eco4planet.com/blog/2010/12/meditacao-e-tao-eficaz-contra-depressao-quanto-remedios-diz-pesquisa/#